sábado, 21 de fevereiro de 2015
Onde está a Solução?
A supervalorização dos desafios transforma o homem em
escravo dos paradigmas; dessa forma, tendemos a engrandecer nossos montinhos de
areia transformando-os em verdadeiros Everest particulares e impondo uma
barreira lúdica. O viés humano de focalizar no problema ao invés de focalizar
na solução cria dois tipos de personagem:
o prisioneiro em uma parede de vidro e o visionário.
Certa vez estudando a biografia de Alexandre – O grande,
percebi que tal grandeza se originava de uma técnica de reformular o problema
simplificando-os e, por conseguinte, tomando medidas mais coerentes para sua
resolução. Desta feita, como gestor comecei a aplicar tal conhecimento e
percebi que o menos relevante era realmente conhecer de forma profunda a
atividade problemática, enquanto o verdadeiro pulo do gato era entender de
lógica e de filosofia. Avaliei os novos gestores que estreavam no mercado,
fossem oriundos do bacharelado ou dos tecnológicos, e percebi que apresentavam
fraqueza de conceitos que envolviam essas duas áreas. Comecei a questionar as
Instituições de Ensino Superior e percebi algo alarmante: que não só os alunos tinham tais problemas,
os professores também e, dessa forma indaguei como é possível repassar algo que
não se sabe.
Em episódio dos muitos em que Alexandre reformulou seus
problemas, ele precisa invadir a ilha de Tiros (Tyres) e os pontos fortes de
seu exército eram a cavalaria e a infantaria. Dessa forma, os 700 metros de
água que separavam a cidade do continente e um muro de 9 metros que circundava
todo perímetro se tornavam um problema. Alexandre poderia desistir de Tiros e
continuar sua epopeia rumo ao oriente, entretanto no final dela ele teria
conquistado o mundo, exceto Tiros. Outra possibilidade era a de aguardar a
aprovação de recursos financeiros, a construção de barcos, o treinamento de
soldados para atuar no mar e, mesmo assim, a construção de barcos, o
treinamento de soldados para atuar no mar e, mesmo assim, correria o risco de
fracassar na missão; afinal estava remanejando especialistas para outras áreas
da organização nas quais não possuíam conhecimento.
O problema para muitos seria como chegar até a ilha; todavia
a verdadeira fonte de dificuldades não era essa e sim como atacar um alvo no
mar. Simples!
Transforme o mar em terra. Alexandre redefiniu seu problema
baseado nas suas forças e fraquezas, bem como nas oportunidades e ameaças,
criando o que defino como o preceito do SWOT. Criou um aterro para ligar
continente à ilha e utilizou o que tinha de melhor para devastar com a ilha de
Tiros.
Lidamos com problemas como Tamagushis: os aceitamos, os acolhemos, os protegemos, os
alimentamos e assim o ciclo de Cleópatra se cumpre. É nossa tendência de valorizar
problemas para que tal fermento os torne tão fortes que possamos utilizá-los
como muletas para nossos fracassos pessoais e profissionais. E sempre a culpa é
alheia, afinal a autoflagelação é dolorosa e o autoconhecimento também. Seres
humanos apresentam outro comportamento que é o de valorizar as barreiras
vencidas para se promover seus atos. Fenômenos que resolvi caracterizar como
propaganda enganosa para convencimento próprio, e fortificamos um falso
paradigma reproduzindo-o para os que nos sucedem.
Questionando a um dos maiores atletas do mundo como ele
fazia para romper suas metas e assim quebrar recordes, algo em que era
especialista, percebi semelhanças entre aquele saltador e Alexandre – O grande,
posto que ambos reinventaram seus problemas buscando uma solução mais simples,
focando-se nos resultados e não problemas. O desportista treinava sem o sarrafo
(bastão colocado como barreira no salto com vara), simplesmente buscando
alcançar seu melhor desempenho, sendo avaliado pelos seus técnicos e informado
sobre como aprimorar os movimentos. No dia da competição, o atleta desenvolvia
sua melhor performance e por, consequência apenas, alcançava os louros da
vitória.
Há muitos anos em um mosteiro zen budista, com a morte do
guardião, foi preciso encontrar um substituto. O grande Mestre convocou, então,
todos os discípulos para descobrir quem seria a nova sentinela. O Mestre,
provido de muita sabedoria, falou: “Assumirá
o posto o monge que conseguir resolver primeiro o problema que eu vou
apresentar.” Então ele postou no centro
da enorme sala em que estavam reunidos todos os monges um vaso de porcelana
muito raro, com uma rosa branca de extraordinária beleza. E disse apenas: “Aqui está o problema!”. Todos ficaram
olhando a cena: o vaso belíssimo, de
valor inestimável, com a maravilhosa flor ao centro! O que representaria? O que
fazer? Qual o enigma? Nesse instante, um dos discípulos sacou a espada, olhou o
Mestre, os companheiros, dirigiu-se ao centro da sala e Zapt!... destruiu tudo,
com um só golpe. Tão logo o discípulo retornou ao seu lugar, o Mestre
disse: “Você é o novo guardião.”
Não importa o tamanho e a beleza do problema; se for um
problema, precisa ser eliminado.
Fica a dica...
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