"Meu Pai tinha uma serraria e minha mãe cuidava da contabilidade. Eles empregavam de 30 a 40 homens. Ainda me lembro de, quando criança, ficar confusa ao ouvir meu pai dizer que era “autônomo”. Na época, não sabia o que sei hoje. E hoje tenho motivos para me sentir orgulhoso.
Quando fui correspondente da CBS em Londres, meu pai acordava cedo e dormia tarde, para não perder nenhuma das minhas reportagens. Daí o receio com que me aproximei dele para dizer que estava deixando os noticiários da televisão para começar meu próprio negócio. Ele, a princípio, se surpreendeu. “Negócio próprio?” – perguntou. “É” – respondi, meio hesitante.
Ele, então, estufou o peito e sorriu. Não poderia estar mais orgulhoso. Mais tarde, me chamou de lado e me deu um único conselho: “Aprenda com os seus erros.”
Aquele foi, provavelmente, o melhor conselho que já me deram. E vindo de meu pai, era ainda mais importante, porque deixava implícito que eu podia cometer erros, e iria cometê-los. Era como se ele me desse sua permissão de errar e aprender. Assim, toda vez em que errei, pensei em meu pai, aprendi e segui em frente.
E até hoje, em nossa empresa de treinamento de mídia, temos a cultura de aprender com os erros. Chegamos até a instituir um prêmio especial para o “erro do mês”.
Esse é um dos tantos cases de sucessos, como também de insucessos, que acontecem na vida empresarial. Por isso trago aqui os cinco maiores segredos que aprendi nesses anos de trabalho.
1o Segredo: Viva de acordo com um mantra: deixe para amanhã! Eis aí a chave de uma vida equilibrada e produtiva. Quem me passou o mantra foi nossa advogada corporativa Wanda Reif. Ela observou minha atividade febril, frenética, nos primeiros anos de funcionamento da empresa, em que eu fazia de tudo – trabalhava ativamente, preparava as faturas e pagava as contas.
Eu achava que devia aproveitar ao máximo cada dia, e isso incluía trabalhar até tarde da noite e nos fins-de-semana. Se não for feito até sexta-feira às seis da tarde, pode ser feito na segunda-feira.
Pode até parecer um conselho simplista ou impossível de seguir. Mas um comportamento workaholic provoca mais comportamento workaholic. É um ciclo sem fim. Aprenda a organizar a agenda, e meus dias ficaram mais produtivos. Aprenda a combinar tarefas e prazos. E aprenda a ir para casa e viver.
O mantra dá equilíbrio à vida. E você aparece para os clientes com melhor disposição. Quem não dorme o suficiente não pode ser criativo. As horas extras de trabalho prejudicam a capacidade de criar. Os clientes nos contratam por nossa criatividade. O expediente passou a ser de nove horas, o que fez maravilhas pela empresa! Além disso, o chefe serve de exemplo para os empregados, e é preciso respeitar o tempo deles. Nunca pedimos a eles para ficarem no trabalho até mais tarde ou chegarem mais cedo, embora às vezes façam isso por vontade própria.
2o Segredo: Abra espaço na sua agenda para uma crise por dia! Como gerentes ou proprietários de empresas, frequentemente passamos de uma reunião a outra, sem descanso. No início, então, minha agenda era tão apertada, que as pessoas me pegavam no corredor ou na saída do prédio para tomar decisões.
Até que li sobre um gerente que tinha reputação de ser um profissional excelente – um homem que sempre tinha tempo para grandes decisões. Ele acredita que todo dia tem pelo menos uma crise, e que é preciso ter tempo para lidar com ela. Então, deixa um espaço aberto na programação do dia, raramente marcando várias reuniões seguidas. Ele espera a crise acontecer.
A crise pode ter várias formas – um pedido de última hora, a finalização de uma proposta a longo prazo ou a organização de uma apresentação em Power Point, por exemplo. Qualquer que seja a situação ou quem quer que precise de mim, estou pronta e disponível, porque a agenda está livre. Com isso, me tornei uma gerente mais pronta a responder. A ironia é que quando você se prepara para a crise, ela nunca chega a acontecer, porque há tempo suficiente para se lidar com ela.
Por falar em estar pronto para responder, minha sugestão é que seja praticado o “gerenciamento ambulante”. Procuro percorrer diariamente as nossas instalações e ter o que chamo de “pequenos momentos de gerenciamento”. Ao encontrar os funcionários em suas salas, procuro saber o que pensam e o que estão fazendo. Assim, resolvemos as questões sem que seja preciso marcar dezenas de reuniões. É incrível o que se consegue aprender com essa atitude. É a maneira mais eficiente de administrar.
3o Segredo: Transforme-se e à sua organização em uma incansável máquina de aprender. A aprendizagem contínua é decisiva para você e para a organização. É preciso estar constantemente expandindo os horizontes. Como fazer isso? Primeiro, aproveite todos os programas de formação de executivos. Eu, por exemplo, participei todo ano, durante dez anos, de um curso de liderança, e melhorei muito, tanto na condição de gestor quanto como pessoa.
Mas não se esqueça dos seus empregados ou daqueles que estão sob a sua gestão. Cuide de seu aperfeiçoamento, e eles vão contribuir para o crescimento da empresa. Enfatizamos o desenvolvimento profissional. Nossos treinadores escolhem todo ano em que áreas querem aumentar seus conhecimentos – gerenciamento de crises, redação de discursos ou liderança, por exemplo – e providenciamos para que frequentem seminários ou conferências sobre o assunto. Eles, então, passam para nós o que aprenderam. Além disso, como muitas outras empresas, usamos o sistema de reembolso de despesas com educação. Três empregados nossos fizeram mestrado, e todos nos beneficiamos disso.
Aqui, nos esforçamos ao máximo para criar um ambiente de aprendizagem constante. Temos assinaturas de dezenas de jornais e revistas. Internamente, trocamos informações sobre nossos clientes e notícias interessantes, de modo que todos estejam sempre bem informados. É o que chamamos “alertas aos treinadores”. Temos uma biblioteca especializada e comentamos os livros. Qualquer que seja o seu setor de atuação, o seu negócio deve ser “aprender”.
4o Segredo: Encontre maneiras criativas e únicas de se comunicar. Nos últimos 20 anos, a tecnologia tem possibilitado opções e meios diferentes de comunicação. É incrível. Li que cada pessoa passa em média uma hora todo dia às voltas com e-mails – uma hora acrescentada ao nosso já sobrecarregado dia de trabalho.
Meu conselho é que se encontrem meios criativos de comunicação – seja usando a tecnologia ou fugindo dela. Uma boa idéia é, em vez de simplesmente repetir os comentários e cumprimentos deixados por clientes em seu voicemail, enviá-los a todos os outros funcionários. Quando eles ouvem os elogios diretamente dos clientes, o moral sobe – e o crédito vai para o pessoal responsável por uma boa sessão de treinamento.
Eu uso e-mails – mas apenas para tratar de informações e fatos, porque acho que se perde o “tom”. Ainda uso as notas pessoais ao velho estilo, em que escrevo algumas frases à mão. Essas notas, na verdade, se transformaram em uma forma de arte que é como uma assinatura. Coleciono cartões interessantes para cada ocasião; assim, tenho sempre um disponível quando preciso. Quando perguntei a uma executiva do ramo do petróleo qual forma de comunicação considerava a melhor, sua resposta foi: “Aquelas suas notas pessoais. Elas comunicam e se destacam na pilha de mensagens que examino todo dia.”
Também retiro sempre artigos interessantes de jornais ou revistas, acrescento um comentário curto e mando para clientes ou contatos. Certa vez, um executivo me disse: “Aquelas notinhas me dizem que você pensou em mim – é o melhor marketing!”
Portanto, comunique, comunique, comunique – a seu modo, com a sua assinatura!
5o Segredo: Torne-se um líder visionário. Há anos venho tentando ser um bom gerente, e não sei se consegui. Adoro pessoas e projetos, mas gerenciar inclui lidar com problemas pessoais. Sou terrível com esse tipo de coisa. O modo de se safar desse dilema é descobrir em que você é bom e delegar tudo o mais! Por exemplo: eu costumava tratar de todo treinamento que programávamos, mas a logística me enlouquecia. Agora, deixo essa parte em mãos muito mais capazes do que as minhas. O mesmo se aplica à customização de nosso treinamento – eu gosto de fazer, mas estava deixando todo mundo louco durante o processo.
Depois de muito pensar e me preparar, resolvi me tornar um líder visionário – um líder focado na visão de onde precisamos ir e estar. Procuro ser uma líder que encontra tempo para pensar e que não é sugada pelo buraco negro das tarefas diárias. Assim, tenho liberdade para participar de diferentes eventos – conhecer pessoas e ir ao encontro de clientes em perspectiva – colhendo novas informações e expandindo a empresa.
Ser um líder visionário também quer dizer “dar liberdade”. Nossa organização tem gente de talento, mas que precisa de espaço para aproveitar suas idéias e energias. Meu papel é de força orientadora. Existe um equilíbrio delicado entre estabelecer padrões e se preocupar com detalhes. Estou sempre em luta com o equilíbrio, e às vezes falho miseravelmente.
Uma atitude suprema de “dar liberdade” foi minha mudança de opinião em relação aos empregados que deixam a nossa empresa. No início, eu considerava quase uma traição. Geralmente, era apanhado de surpreso, e a organização levava meses para se recuperar. Agora, consideramos cada departamento como uma graduação – parte natural de um processo em que alguém está pronto para seguir adiante. E comemoramos!
O interessante é que, agora, os empregados que estão pensando em deixar a empresa se sentem à vontade para me contar. Então, trabalho junto com eles na busca de uma colocação melhor ou outra posição. Com isso, consigo controlar melhor todo o processo – sem surpresas ou ressentimentos. Não sei se existe ligação entre os fatos, mas a verdade é que agora temos um índice de rotatividade muito menor. Na minha opinião, as “graduações” são altamente recomendáveis.