segunda-feira, 24 de março de 2014
União
Leia, com atenção, os trechos do sermão do Santíssimo
Sacramento, pregado pelo Padre Antônio Vieira (1608-1697), em Santa Engrácia,
no ano de 1662. Ele fala sobre a união. Veja como, o que ele diz no século
XVII, se aplica aos dias de hoje.
“Toda a vida (ainda das coisas que não tem vida) não é mais
que uma união. Uma união de pedras é edifício; uma união de tábuas é navio; uma
união de homes é exército. E sem essa união, tudo perde o nome e mais o ser. O edifício
sem união é ruína; o navio sem união é naufrágio; o exército sem união é
despojo. Até o homem (cuja vida consiste na união de alma e corpo) com união é
homem, sem união é cadáver.”
“...Por mais alta que esteja a cabeça, se não está unida é
pés. Por mais ilustre que seja o ouro, se não está unido é barro. Nobreza e
desunida, não pode ser, pois em sendo desunida, deixa de ser nobreza. É vileza.”
“...Para derrubar um reino e muitos reinos onde há desunião,
não são necessárias baterias; não são necessários canhões; não são necessários
trabucos; não são necessárias balas, nem pólvora. Basta uma pedra: o lápis.”
“Para derrubar um reino e muitos reinos onde falta a união
não são necessários exércitos, não são necessários campanhas, não são
necessárias batalhas, não são necessários cavalos, não são necessários homens,
nem um homem, nem um braço, nem uma mão. Nós temos muito boas mãos e o sabem
muito bem os nossos competidores. Mas se não tivermos união, nem eles haverão
mais ter mãos para nós, nem a nós nos hão de valer as nossas.”
A verdade, de ontem e hoje, é que sem união nada sobrevive,
não pode haver sucesso. Faça uma reflexão sobre o valor da união para sua vida
pessoal e profissional. Lembre-se que “Sem união, tudo perde o nome e mais o ser...”
Fica a dica.
terça-feira, 18 de março de 2014
Se eu tivesse...
"Nunca se arrependa de nada,
porque ao mesmo tempo era exatamente o que você queria..."
No início de minha vida profissional, eu via um certo
glamour em estar sempre ocupado, abraçar mais de dez projetos ao mesmo tempo,
passar horas em reuniões intermináveis e trabalhar até de madrugada.
O que o tempo me mostrou é que, na verdade, eu tinha a
necessidade de me sentir importante e competente e todas essas atividades me
faziam sentir dessa forma. Quando você identifica sua necessidade primária,
fica mais fácil entender o que você precisa mudar em vez de simplesmente
aceitar que é assim que deve ser.
Quando percebi que para
me sentir importante e competente eu só precisava fazer meu trabalho
muito bem feito, eu passei a controlar o tempo das reuniões, a dizer não para
projetos que não faziam sentido ou que eu não conseguiria fazer com a mesma
qualidade por estar cuidando de outras coisas e, raramente, ficava até depois
das oito e meia trabalhando.
Mas não é fácil reconhecer ou admitir qual é o problema e
qual é a verdadeira necessidade por trás de alguns dos nossos comportamentos.
Por isso, é inevitável começarmos a encontrar desculpas para justificarmos o
motivo pelo qual nossa vida é do jeito que é.
Um filme que assisti relata isso muito bem: O Diabo Veste Prada. A frase mais citada da
personagem principal, a Andy, é: “Eu não
tive escolha”. Ela diz sempre que tenta explicar para todo mundo o porquê de
aceitar os absurdos vindos da chefe.
A grande verdade é que, sim, sempre temos escolha. O que
acontece é que nem sempre estamos dispostos a lidar com as consequências e por
isso criamos mecanismos de defesa para nos protegermos. Aqui vão algumas das situações
que costumamos contar a si mesmo até que decide mudar:
SE EU TIVESSE MAIS TEMPO, EU FARIA “ISSO”.
Como “isso”
entenda qualquer coisa que você não faça por falta de tempo. Pode ser um curso
de línguas, exercícios físicos, sair mais com os amigos, ler um livro, fazer
caridade, não importa. Falta de tempo (e o trânsito) virou a desculpa universal
para justificar o fato de que não somos disciplinados quando o assunto é
gerenciar as 24horas do nosso dia. Uma coisa que eu aprendi é que quando você
realmente quer fazer uma coisa, você arruma tempo, por mais ocupado que você
seja.
A questão aqui é que, ou você quer muito uma coisa, ou você
não quer tanto assim e o tempo não pode ser a desculpa por você não fazer.
Você pode se perguntar:
"Mas eu juro que eu não tenho tempo para nada, minha vida é trabalhar.”
Eu acredito!
Só que ser ocupadíssimo também é uma escolha. Nós investimos
nosso tempo naquilo que é importante para nós, por isso, se você está
trabalhando, oitenta horas por semana, é porque tem alguma coisa que você
queira mais do que tudo e que vai ser resultado desse tempo investido no
trabalho. E assim, você está deixando de fazer outras coisas que no fundo não
devem ser tão importantes assim.
SE EU TIVESSE MAIS DINHEIRO, EU PODERIA FAZER “ISSO”.
O dinheiro
sempre foi a maior desculpa para tudo na vida:
“Não faço exercícios porque não tenho dinheiro para academia”.
“Não falo inglês porque não tenho dinheiro para pagar um
curso”.
“Não mudo da casa dos meus pais porque não tenho dinheiro
para pagar aluguel”.
Um monte de bobagens. É claro que muita gente realmente tem
um orçamento apertado. Acredite, eu já fui essa pessoa por um dia. Quando
pagava as despesas de minha faculdade, quando pagava o financiamento de meu
carro, quando pagava as parcelas de uma viagem desejada...
E justamente por ter alguma experiência sobre o que era ter
uma conta apertada, ou negativa, que eu te digo que dinheiro não é desculpa
para não fazermos as coisas. Usamos a falta de dinheiro para nos convencermos
de que nossa vida não é incrível porque vivemos numa sociedade injusta e desigual
onde os ricos podem tudo e os pobres não podem nada. Mas eu vou te dizer uma
coisa:
Quer fazer exercícios? Todos os parques são gratuitos.
Quer estudar uma língua? Hoje é possível fazer isso de graça
na internet através de sites.
Quer viajar? Existem sites em que pessoas deixam você dormir
na casa delas sem ter de pagar nada por isso.
É claro que estes são alguns pequenos exemplos, mas são
coisas das quais eu mais ouço as pessoas reclamando de que não podem fazer sem
dinheiro. Além disso, quando prestamos mais atenção em como gastamos nosso
dinheiro, fica mais fácil de fazer com que ele não desapareça.
SE “ISSO” ACONTECESSE, MINHA VIDA SERIA PERFEITA.
Aqui o “ISSO”
pode ser comprar uma casa, arrumar uma namorada, ter um filho, ser promovido no
emprego. O nosso grande problema é que o “isso”, nesse caso, nunca será
suficiente. É a lei da vida. O ser humano nunca está totalmente satisfeito com
o que ele tem e está sempre querendo algo a mais para ser feliz. Parece que é
essa coisinha que falta que nos impede de ter uma vida completa.
O problema é que, quando estamos sempre olhando para o que
está por vir, deixamos de aproveitar e agradecer pelo que temos hoje. Mas eu
não vou te dar o conselho óbvio da autoajuda que é viva o presente e agradeça
pelo que você tem hoje. Minha dica é:
use essa necessidade que é inerente ao ser humano de sempre querer o que
não tem como motivação, e não como a razão pela qual você não é feliz. Aprecie
o desafio de correr atrás desse objetivo e deixe que isso te faça feliz e não
que a falta “disso” te faça infeliz.
EU NÃO VIVO SEM “ISSO”.
Na maioria dos casos, sim, você
vive. Parece uma bobagem, mas quando decidi que ia passar um tempo viajando
algumas coisas ridículas começaram a me preocupar. Se tem uma coisa que eu
aprendi nesse pequeno tempo em que estive ausente do lar é que para tudo existe
um jeito e que nós somos completamente adaptáveis. Não existe nada com que você
não vá se acostumar a viver sem, desde coisas até pessoas. Certamente podemos
passar por um período de nostalgia ou saudade, mas depois de um tempo a vida se
ajeita e de alguma forma compensa aquela falta:
“Vida que segue...”
O que nos faz ter a sensação de que “isso” é tão importante
para a nossa vida ao ponto de não conseguirmos viver sem é que, muitas vezes,
colocamos em coisas ou pessoas a responsabilidade da nossa felicidade.
A grande verdade é que nossa vida é feita de uma enorme
lista de boas intenções que resultam algumas vezes em tentativas e muitas vezes
erros. A boa notícia é que se você acordar amanhã, existe uma nova chance de
tentar mais uma vez.
Pense nisso...
segunda-feira, 10 de março de 2014
A Angústia e a Vida Profissional
No mundo corporativo, dos dias atuais, analisamos: "manda quem pode, obedece quem precisa, muda
quem tem juízo."
Essa última parte é por minha conta, mas eu já pensei
diferente no passado. Reconheço que é bem mais fácil pensar assim depois de
certa idade, quando você sabe exatamente o que quer e, principalmente, quando
você trabalha de cabeça erguida, graças ao seu esforço, à sua dedicação e, sem
dúvida, um pouco de sorte. Dessa forma, pensar diferente é um exercício
gratificante para não se deixar escravizar, apesar da necessidade que, na
maioria dos casos, sempre fala mais alto.
Entender o ditado requer interpretação em três etapas:
MANDA QUEM PODE. Manda quem
pode é algo típico da Idade Média, quando os senhores feudais dominavam
vastas propriedades de terras e os servos e os vassalos viviam à mercê do seu
temperamento nada amistoso; portanto, qualquer descontentamento era sinônimo de
ameaça e, para evitar conflitos, cuja pena máxima era a perda de proteção ou a
expulsão do feudo, a alternativa mais sensata era obedecer. Assim foi no tempo
da escravidão, quando os reis, imperadores e senhores de engenho detinham a
propriedade do indivíduo, de papel passado, em regime absoluto de escravidão.
Durante essa fase repugnante da nossa história, isso era comum.
OBEDECE QUEM PRECISA. Obedece quem precisa surgiu mais
adiante quando Frederick Taylor, o precursor da administração científica do
trabalho, instituiu o conceito de chefia e organização e estabeleceu, de forma
veemente e unilateral, que alguns nascem para mandar, outros para fazer.
Naturalmente, quem nascia para a execução morreria sob esse estigma e poderia
se tornar um obediente operário até o fim da vida. Por essa razão, Taylor era
meio paranoico, obcecado por controle e produtividade.
MUDA QUEM TEM JUÍZO. Muda quem tem juízo é a minha praia,
por assim dizer. Considero a melhor atitude para se livrar do ditado original.
Embora eu tenha sido forçado à mudança há algum tempo e isso tenha me
proporcionado um bem danado, eu posso dizer que se trata de um dilema difícil
de ser solucionado e isso não é privilégio de poucos, ao contrário, é o caso da
maioria dos profissionais do mundo moderno.
A mudança é o caminho mais adequado para livrá-lo dessas
tolices que mancham o mundo corporativo e para colocar todo o seu potencial em
prática em um lugar onde você possa ser tratado, literalmente, como ser humano.
Você é a única pessoa capaz de reverter o quadro depreciativo que pintam a seu
respeito e a cerca do seu trabalho, por mais esforçado que você tente parecer.
O ambiente de trabalho se tornou fonte de infelicidade para
presidentes e diretores de grandes empresas e, por experiência própria, estendo
esse descontentamento geral para outros níveis hierárquicos que sofrem
diferentes tipos de pressão por resultados cada dia mais insaciáveis.
Ainda, a angústia da vida executiva é algo digno de
reflexão. Dentre os principais resultados obtidos são: os executivos se dizem infelizes no trabalho,
se dizem insatisfeitos com o tempo dedicado à vida pessoal e apontam os
problemas com o chefe como a crise mais marcante da sua vida, o que não é tanta
novidade assim.
Por um lado, o excesso de trabalho; por outro, a falta dele.
Ambos tem a ver com a dignidade humana, relegada com frequência ao segundo
plano. Albert Camus, filósofo francês, lembra que não existe dignidade no
trabalho quando este não é aceito livremente. Pior ainda quando não é aceito de
forma alguma.
Os seres humanos tem um profundo anseio por significado e
propósito em sua vida e retribuirão a quem os ajudar a atender a esta
necessidade. Eles querem acreditar que o que estão fazendo é importante, que
serve a um desígnio e que agrega valor ao mundo. Isso vale para o mais simples
dos mortais.
Meu pai ficou praticamente 40 anos na mesma empresa
repetindo esse ditado e por vários lugares onde passei havia sempre um
insatisfeito que parecia ter assumido o lugar dele, mas não o condeno. Ele foi
feliz do seu jeito e, apesar dos revezes, sobreviveu e conseguiu criar os
filhos com dignidade.
Embora as circunstâncias mudem e as oportunidades sejam
frequentes, muitos profissionais ainda se submetem a essa filosofia de vida,
por medo ou insegurança, enquanto o verdadeiro potencial vai lhe escapando pelo
vão dos dedos sem que o mesmo seja capaz de esboçar a mínima reação. Isso soa
um pouco deprimente.
O fato de não ter conseguido livrar-me definitivamente desse
ditado me fez reconstruí-lo a fim de torna-lo mais digerível e para repensar a
maneira de ver o mundo. Leva tempo para conseguirmos destruir alguns paradigmas
plantados em nossa cabeça involuntariamente. Hoje, cada vez que alguém dispara
essa máxima perto de mim, eu complemento:
“e muda quem tem juízo”.
Graças a Deus, conheço um número razoável de profissionais
que deram a volta por cima e, a despeito de todas as dificuldades encontradas
no caminho, tiveram a coragem de reposicionar-se no mercado para conquistar um
lugar ao sol, optando, em muitos casos, por uma renda menor ao reconsiderar o
fato de que o dinheiro jamais conseguirá compensar a ausência de paz de
espírito.
O mundo é repleto de oportunidades e, por menos conhecimento
que alguém possa apresentar sobre determinado assunto, existe uma força
sobrenatural dentro de cada ser humano capaz de transforma-lo em exímio
conhecedor daquilo que ele estiver realmente determinado a realizar. É
praticamente impossível o universo não trabalhar a seu favor se você estiver
convicto de que as adversidades são condições temporárias e que a força de
vontade e a determinação são as únicas virtudes capazes de recoloca-lo em um
ambiente mais merecedor da sua energia, da sua inteligência e da sua valiosa
companhia.
Olhe ao redor e admire a legião de profissionais que abriram
mão de um cargo altamente promissor em grandes corporações e seus respectivos
benefícios em troca de mais dignidade, mais qualidade de vida e mais tempo para
a família. E mais, quantos amigos e colegas de trabalho pararam de brigar
consigo mesmo, com o chefe e com a conta bancária partindo para uma missão
diferente muito antes de você esboçar a primeira reclamação.
Existem inúmeras empresas onde o ditado prevalece, por pouco
tempo, creio eu. Hoje, manda quem pode, obedece quem precisa e muda quem tem
juízo, pois é necessário evitar ambientes onde o regime feudal deixou
resquícios.
Assim sendo, quero compartilhar algumas dicas que poderão
ajuda-lo no seu ritual diário de crescimento e desenvolvimento pessoal. Espero
que sejam úteis:
1. Ninguém
tem o direito de ferir a sua dignidade. Quando sentir que o ambiente está
afetando a sua autoestima e a sua dignidade, ou você muda de ambiente ou
enfrenta o problema ou para de reclamar para sofrer menos do que o necessário;
a primeira é mais gratificante.
2. Considere
que poucos líderes estão preparados para enfrentar o diálogo aberto e
consistente quando alguém questiona o clima organizacional. Quando isso ocorre,
geralmente eles são pegos de surpresa. Você conhece algum chefe propenso a
admitir sua maneira equivocada de conduzir a equipe?
3. Mudar
é mais difícil do que se imagina. É muito mais prático suportar a pressão e
chorar sozinho do que perder o emprego, o crachá e o plano de saúde, portanto,
releve certas coisas e seja menos rígido na avaliação; digo isso porque já fui
mais rígido do que o necessário e isso não me ajudou em nada, ao contrário,
paguei um preço alto.
4. Lembre-se
de que nem tudo é para sempre e, felizmente, a vida é feita de mais momentos
alegres do que tristes.
A angústia da vida profissional é eterna. Por mais
recompensadora que possa parecer, a aposentadoria será o início de novos
dilemas que surgirão com a idade e com a interminável necessidade de se sentir
útil perante a sociedade. Se você não existisse, o universo não seria o mesmo.
Portanto, para de sofrer com coisas pequenas e comece a provar a si mesmo que
você é superior a tudo isso.
Nada resiste ao trabalho e ao desejo irreversível de subir
na vida. Se você mantiver uma postura irreparável no caminho e assumir o
compromisso de crescer e de aprender todos os dias até o fim da vida, ainda que
você tenha de cair e levantar inúmeras vezes, seus pais, seus verdadeiros
amigos e, principalmente, sua família, agradecem, de coração.
Pense nisso, e seja feliz...
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