domingo, 19 de junho de 2011

O Self Service matou o Garçom



O self service matou o garçom assim como "a televisão matou a janela". É verdade! A afirmação sobre a televisão foi proferida pelo gênio Nelson Rodrigues e se tornou inesquecível em minha mente na montagem da Oficina dos Menestréis nos anos 90.

Fico imaginando como eram os tempos antes da invenção das telinhas - da TV e do computador. Imagino as pessoas interagindo nas portas de suas casas, dividindo espaços, receitas, "causos", experiências, conquistas, entre outras.

Eu mesmo vivenciei épocas em que a falta de energia elétrica era quase semanal, onde morava, em Natal. E o "apagão" era festejado muito mais intensamente do que se comemora atualmente um gol da seleção brasileira; um golaço do Daniel Alves ou do Josué. Ao menor sinal da falta de luz, saíamos às ruas, vibrantes, cheios de energia, inventando brincadeiras ou simplesmente gritando.

Tudo isso era realizado junto de nossos pais, que também aproveitavam para curtir o ainda céu estrelado da época. Quando cansávamos das brincadeiras, simplesmente sentávamos na rua, ouvindo alguma história e fazendo a imaginação fluir. Eram momentos mágicos onde a reflexão corria solta. O retorno da energia elétrica traduzia-se em tristeza, volta da rotina, do mundo óbvio e previsível.

Em uma recente reflexão, após vários momentos de maus atendimentos em minha vida, posso afirmar com veemência: O self service matou o garçom. O mundo corre muito mais rápido que antigamente e, raramente, nos damos o privilégio de sentarmos para um almoço consultivo. Confesso que não suporto levantar-me para compartilhar as mesmas colheres, garfos e pegadores que dezenas, às vezes centenas, de pessoas utilizam para servirem seus pratos.

Almoço consultivo é aquele em que um especialista em temperos, formas de preparo, com requintado paladar e educação, planta-se ao lado do cliente para sugerir, induzir e, porque não dizer, fantasiar na imaginação do cliente o prato que o mesmo irá saborear. Esse profissional, quando extremamente capacitado e competente, no passado era disputado pelos restaurantes nas grandes capitais e em centros turísticos. Ele era o verdadeiro garçom.

A vida moderna, os restaurantes rapidinhos e outros fatores transformaram tais profissionais, em sua grande maioria, em simples carregadores de bandejas de bebidas e cestas de pães. Alguns nem a conta trazem mais. Atrelados a isso e, com elevada dose de característica pertinente a seres humanos, boa parte dos garçons acomodou-se e acabou perdendo valor. Deixou de ser consultivo, informativo, para ser somente operacional e superficial, principalmente nas últimas gerações de profissionais.

Faço aqui uma observação relevante:
Como está a carreira que você está atuando? 
Como está o posicionamento da mesma no mercado? 
Será que ela já teve glamour e importância, e hoje está renegada a uma posição secundária?

Mais importante que isso:
Como está sua atitude em sua própria carreira? 
Você se destaca por algum motivo ou está na manada de iguais?

Lembre-se: o mundo lhe induz a pensar quadrado e se você projetar seu pensamento além dos limites trará diferenciação e um bom problema para seu líder - "o que fazer com alguém tão bom?". Ouse!