domingo, 20 de julho de 2014

Reflexão da Administração pela perda da Copa do Mundo no Brasil






 Anos se passarão, e o Brasil ainda buscará explicações para definir o que causou a “pane” da Seleção de Luiz Felipe Scolari, levando-nos à derrota por 7 a 1 para a Alemanha, na Copa do Mundo de 2014, disputada no Brasil. Tirando os comentaristas de resultados que jogam no time do “eu já sabia”, nenhum brasileiro, sequer, sonhava com tão vexatória derrota.


Inegavelmente o resultado foi catastrófico, contudo é preciso buscar obter o máximo de aprendizado de todas as coisas, inclusive das ruins, como foi o caso. Longe de mim querer pregar de “Poliana”, mas se esses momentos não servirem para reflexões do dia-a-dia ficarão marcados somente pela dor.


Então, se a dor já existe, porque não fazer dela um momento de aprendizado?


Permita-me então, entre alguns devaneios, propor algumas reflexões e comparações com a rotina das empresas e dos empresários brasileiros, na visão de um Administrador.


O conceito de que não é a gota d´água que transborda o copo pode ser muito bem aplicado neste momento. A tragédia de ontem aconteceu porque vários fatores contribuíram para chegarmos ao derradeiro momento com uma queda tão abrupta e dolorida. A principal atividade do gestor é mitigar riscos. É estar atento e efetuar comparações entre o mercado, o concorrente, os clientes e a própria empresa. É tentar entender aquilo que não é dito, ajustar a percepção e estar preparado para o risco conhecido e ter a certeza de que o time está dinâmico e preparado para enfrentar também o risco desconhecido.


Desde a perda de um cliente até a crise econômica de um país, nada acontece de um dia para o outro. Com o passar do tempo as coisas vão dando sinais de que estão saindo aos poucos dos trilhos e do nosso controle. Se nos aprofundarmos no estudo das causas que levaram muitas empresas a sucumbirem, veremos que, por diversas vezes, fomos alertados de coisas que estavam seguindo em um ritmo equivocado e não nos atentamos, ou não tivemos capacidade técnica suficiente para entendermos estes sinais.


A falta de planejamento antecipado nos coloca no fim da fila do sucesso. Queres atingir metas arrojadas? Então faça um planejamento consistente para 5 ou 10 anos, delineando o caminho que precisa ser trilhado até lá, com metas e objetivos graduais bem definidos. O brasileiro típico compra os presentes de Natal com o 13º salário no dia 23 de Dezembro. O risco de não encontrarmos o presente neste dia é grande, bem como os preços também aumentam nas compras de última hora. Isso é falta de planejamento, é o mesmo que comprar o condicionador de ar no ponto mais alto do verão ou o guarda-chuva em dia de chuva. No caso de uma empresa, o gestor não pode sequer sonhar em definir os objetivos do dia para a noite, ou de um mês para o outro.


No caso da Seleção Brasileira, o time foi definido com 30 dias de antecedência do início da Copa, quando o da Alemanha se preparava há muito mais tempo para a disputa de um título. O time do Brasil treinou pouco e isso também fez a diferença. O psicológico sem o técnico não é nada e do contrário a premissa também é verdadeira. Contudo, a técnica não permite que um time seja atropelado como ontem, o psicológico sim, ou seja, de nada adianta o trabalho psicológico exagerado se estamos colocando pouco a mão na massa. 
De nada adianta termos uma equipe de vendas motivada se os vendedores não gastam a sola do sapato na rua vendendo.


É importante lembrar que não existe um modelo de trabalho pronto e imutável. A estratégia da equipe deve ser montada de acordo com o perfil de seus integrantes.


Fomos “atropelados” pela falta de técnica, o que abalou totalmente o psicológico. Os empresários são “atropelados” pelo mesmo motivo. O time de uma empresa deve estar preparado para atuar de diversas formas.


O sistema Toyota de produção funcionou e é case de sucesso até hoje como o sistema japonês de produção. Mas será que, se apenas pegarmos as teorias do STP, darmos um “ctrl+C/ctrl+V” em nossas indústrias brasileiras teremos o êxito alcançado no Japão?

Não deveríamos adequá-lo à nossa realidade econômica e de pessoal e partir para o que chamamos de reengenharia?


Outro ponto importante é:  cuidado ao colocar sua operação nas mãos de apenas um ou dois colaboradores. Eles podem sofrer um acidente de percurso e precisar de afastamento. Trabalhe a liderança e a sucessão em todo time, pois quando menos esperamos podemos ter que eleger um novo capitão. Tenha um líder em todos os processos, pois eles alertam a equipe e ao gestor para os prováveis “furos de marcação”.


Em time que está ganhando se mexe, sim
Principalmente, se estamos ganhando nos pênaltis contra concorrentes medianos.


Enfim, a essência de tudo é o planejamento conciso.

Planeje, teste a equipe, mude, teste novamente. Verifique o mercado, os clientes, os concorrentes; olhe de fora para dentro e tenha a certeza de que está mirando no alvo certo e com as pessoas certas. Replaneje e tenha a certeza de que foram verificadas todas as variáveis possíveis e que mitigamos tantos riscos quanto poderíamos.


O processo é montado de forma que cada jogador seja peça fundamental na conquista dos objetivos e seja devidamente treinado para enfrentar os perigos do dia-a-dia.


E lembre-se:  o Jogador ganha o jogo, o Time ganha o campeonato...