Em tempos onde só se fala em crise, redução de staff,
redução de gastos e necessidade de encontrar novos caminhos para sobreviver no
mercado, não há dúvidas: ser criativo é
questão de sobrevivência.
Criatividade é muito mais do que a habilidade de criar algo
novo. A criatividade é ver a mesma coisa que os outros vêem, e enxergar algo
diferente antes deles. É um questionamento que desencadeia uma melhora, uma
ideia nova, um produto melhor.
Questionando, você assume que sempre dá para fazer melhor, e
sai em busca de novas ideias. Criatividade é a consciência de que o fato de
algo estar sendo feito da mesma maneira há muito tempo não garante que esta
seja a melhor maneira. Com criatividade, sempre dá para fazer melhor.
Ao contrário do que se pensa, todas as pessoas nascem
criativas. Todos somos capazes de ter boas ideias, o que acontece é que durante
o processo de crescimento, em nome da organização social, tendemos a ir
sufocando nossa energia criativa, e saímos sempre em busca de respostas padrão,
que não choquem. Desde cedo aprendemos a aceitar o “NÃO” como resposta, antes
mesmo que ele se pronuncie. Evitamos pensar em caminhos novos, e buscamos
sempre por aquilo que temos certeza que as pessoas querem ouvir.
Existem situações, principalmente no âmbito profissional,
que pedem para que sejamos criativos e que inovemos. E apesar de existirem
profissões que promovam com mais insistência o exercício da criatividade, ela
está presente em todas as áreas. O estímulo aos seus componentes –
conhecimento, motivação e flexibilidade – é que faz a diferença. Mas também é
de conhecimento comum que muitas vezes e em muitas áreas, o profissional pode
sofrer alguns bloqueios que o impeçam de criar, de contribuir.
Quem é que nunca chegou cheio de gás ao começar a trabalhar
em uma nova empresa, percebendo diversas mudanças pedindo silenciosamente para
serem empreendidas e não se deparou com o seguinte comentário de alguém mais
velho de casa: “Meu caro, não adianta
tentar mudar. As coisas aqui sempre foram feitas assim”?
Essa é apenas uma das frases assassinas que ouvimos na vida
profissional e que se manifestam de forma verbalizada. Mas existem também
outros bloqueios inerentes ao ambiente, tanto o físico quanto o emocional, da
empresa. Se a organização não abre espaço para a contínua discussão dos
problemas, de forma a compartilhar responsabilidades, ela tende a ser uma
empresa que funciona no piloto automático, na rotina.
Se sair do convencional, pensar em novas oportunidades,
ousar, é a solução para a falta de dinamismo e estagnação em que muitos
profissionais se encontram, na prática, o exercício da criatividade requer
alguns estímulos mais precisos e mais práticos. Um deles é o investimento que
todo mundo, independente de condição social, deve fazer em conhecimento.
Treinar a flexibilidade, por mais difícil que pareça, também é necessário.
Conhecimento em movimento, combinado, recombinado e aplicado
é o que faz a diferença. Quanto mais conhecimento, melhor, já que uma boa ideia
costuma ser produto da associação de outras que a sucederam em outros tempos,
em outros ambientes tecnológicos, econômicos, geográficos e políticos. É
preciso ter motivos para agir, e estes motivos vão desde a sobrevivência física
até o elevado ganho emocional, a auto realização. O conhecimento, a
flexibilidade e a motivação compõem aquilo que, nas minhas palestras e
treinamentos, trato como as engrenagens do motor da criatividade.
Você tem que se acostumar a ser criativo, a pensar diferente
para ser diferente neste mercado tão competitivo. É aqui que entra o seu
talento. A capacidade de pensar diferente é o seu patrimônio, porque ao ter
ideias e resolver problemas criativamente, você se diferencia dos demais que só
vêem a mesmice a vida toda.
Walt Disney era um homem de criatividade indiscutível, e
disse, certa vez em uma palestra, que criatividade é a mesma coisa que um exercício
físico. Quanto mais você malha um músculo, mais ele se desenvolve. A atividade
reforça o músculo, ao invés de desgastá-lo.
Pensar diferente é a mesma coisa.
Você se acostuma sempre a procurar uma nova alternativa para resolver um
problema ou para otimizar uma oportunidade.
Habituar-se a pensar diferente é sempre questionar por que
desta maneira?
Não haverá outra melhor?
E sendo assim, em tempos tão turbulentos, estará na
criatividade das equipes a ajuda que as empresas precisam para sobreviver e não
serem ofuscadas pela concorrência?
Sim, a empresa que não
investir em gente está fadada a ruir nos próximos movimentos
macroeconômicos, e eles estão acontecendo em intervalos cada vez mais curtos. A
empresa que apenas se preocupar com a aplicação tecnológica da criatividade,
esquecendo da aplicação humana e relacional, tenda a evaporar.
Quando falamos em criatividade, imaginamos apenas ela sendo
aplicada na inovação de produtos ou serviços. Mas ela se faz presente nas
relações humanas bem mais do que muitos gostariam de acreditar. Um casamento
que não se inova continuamente, tende a esfriar, a fracassar, a tornar-se uma
relação de pura conveniência, sem paixão.
A empresa que continuar pensando no seu cliente interno, ou
seja, seu colaborador, apenas como um recurso humano, pode até mantê-lo sob seu
teto por um bom período, porém sem criar pontos de contato, de experiência positiva
e de envolvimento com ele. Na prática, acontece aquilo que é um dos pesadelos
de muitos gestores: por R$ 50,00
(Cinquenta Reais) a mais no fim do mês, o funcionário atravessa a rua na
primeira oportunidade, levando informações valiosas para o concorrente...
Fica a dica.