Cardiologistas que fumam um maço de cigarros por dia,
psicólogos eternamente depressivos, administradores de empresa com a vida em
frangalhos, e daí por diante. É fato:
muita gente não pratica em sua própria vida aquilo que defende em sua
rotina profissional.
O que à primeira vista pode parecer falta de
profissionalismo, alinhamento ou até mesmo ética, por outro lado pode ser uma
estratégia inconsciente de não ser escravo do trabalho. Seria muito chata a
vida de um ferreiro cercado de ferro por todos os lados. Além disto, somos mais
hábeis em ajudar os outros do que nós mesmos, inclusive em nossos próprios
campos de especialização. Imagine a cena surreal de um ótimo cirurgião tentando
operar seus próprios olhos.
Por outro lado, existem também os viciados em trabalho, que
até em uma roda de chope parecem estar no escritório, de preferência usando
terminologias que só eles entendem. Uma pessoa que segue à risca sua cartilha
de trabalho em todos os momentos está condenada a uma prisão profissional, que
a impede de descansar, ter novas idéias, e assim, produzir melhor para seus
clientes no futuro. Reflita sobre suas vivências profissionais, e verifique
como seria (ou está sendo) danoso não se permitir sair do quadrado que delimita
o seu trabalho.
Muitas empresas perceberam os ganhos de inovação que este “pensar
fora da caixa” proporciona, uma vez que é se desligando das rotinas do
dia-a-dia que os seres humanos são mais criativos, gerando novos produtos e
formas melhores de trabalhar. Já existem inclusive empresas de ponta liberando
seus profissionais para usar algumas horas de seu dia de trabalho para fazer o
que bem entenderem. Mas tudo muito bem gerenciado, pois inovação e criatividade
dependem tanto de inspiração quanto de execução. Para isso, estas empresas
criam comitês de inovação, definem metas e acompanham resultados.
Enquanto estas tendências não surgem na sua organização,
você mesmo pode começar um movimento individual de “bater o seu relógio de
ponto interior”, se permitindo tirar o “uniforme psicológico” que o prende às
convenções de sua profissão, e identificando um caminho de equilíbrio entre
trabalho e vivências pessoais. Este equilíbrio, por sua vez, nada tem a ver com
os extremismos insustentáveis dos médicos, psicólogos e administradores
referidos no início deste artigo. Isto porque é importante que haja alinhamento
entre o pessoal e o profissional no nível dos valores.
Desta forma, muitos médicos tratarão mais de sua própria
saúde, psicólogos resolverão primeiramente suas próprias questões, e
administradores zelarão tanto por suas vidas quanto pelas empresas onde atuam.
E você, está trabalhando demais?
Ou está deixando de aplicar os valores positivos do seu
trabalho na sua vida?
Existe um caminho do meio...
Pense
nisso.