Muitas situações levam uma pessoa a tomar uma decisão imprudente. Conhecer as ciladas e os atalhos é o jeito mais seguro de fazer a escolha certa, seja para ousar na carreira, seja para melhorar a cautela.
Todos os dias, as pessoas se deparam com situações que exigem escolhas com diferentes níveis de risco. No âmbito do trabalho, isso pode ser uma mudança de emprego ou a definição de determinada estratégia de negócio, por exemplo.
Diante deste tipo de cenário comum, alguns profissionais são muito ousados e outros muito conservadores. Por que isso ocorre?
Diferentemente do que se imagina, a opção pelo risco não é apenas a expressão de um traço biológico de personalidade. Rotular alguém de arrojado ou não seria, portanto, um erro. Além da predisposição para emoções fortes, há outros fatores que tem peso igual ou maior na imprudência de um profissional.
O fato de uma pessoa assumir um risco em determinada situação não significa necessariamente que ela vai agir de maneira semelhante em outra. Pessoas que tenham apetites semelhantes para o risco podem fazer escolhas diferentes, influenciadas por outros aspectos.
Uma das coisas que influenciam a tomada de risco é a esfera da vida em que a escolha está inserida, como: Lazer, Ética, Finanças, Social e Saúde.
Lazer
A pessoa que gosta de fazer esportes radicais e se acidenta, como o ex-piloto de Fórmula 1, Michael Schumacher.
Ética
A pessoa pode fazer negócios que envolvam suborno e corrupção, ou trabalhar em uma empresa ciente de que ela causa danos ambientais.
Finanças
Influenciado pela perspectiva de alto retorno, um grupo de executivos pode optar por fazer um investimento ruim e ter um prejuízo no futuro.
Social
O profissional que não tem medo da reação dos outros e fala o que pensa em uma reunião de negócios.
Saúde
O profissional que não sabe equilibrar a relação entre lazer, exercício e trabalho.
Outro aspecto é o processo psicológico da escolha. Uma escolha pode ser quente, rápida e emocional, ou fria, pensada e calculada. Vale notar que quente não é sinônimo de risco: a reação de uma pessoa diante de uma decisão rápida pode ser justamente eliminar qualquer perigo e tomar o caminho mais seguro.
ERROS COMUNS DE DECISÃO
1. Calor do Momento
Sob pressão, o profissional toma uma decisão mais arriscada do que faria se estivesse calmo. É o mecanismo da compra por impulso: empolgada (com o preço baixo de uma liquidação), a pessoa analisa mal as variáveis envolvidas e gasta mais dinheiro em algo que não queria.
2. Falsa Certeza
A pessoa confia cegamente numa experiência positiva e arrisca. É o executivo que fecha um mau contrato tendo na cabeça uma negociação anterior. O filme 127 Horas mostra um alpinista experiente que não teme ficar sozinho no deserto e acaba preso a um paredão de pedra.
3. Sensação de Perda
A pessoa percebe que está perdendo algo e toma decisões arriscadas para reequilibrar a situação. Como quando um lojista baixa preços ao ver um concorrente vender mais ou a pressa que leva o jogador de basquete a arriscar cestas de 3 pontos.
PERCEPÇÃO DO RISCO
Atitude no risco.
A maneira como uma pessoa percebe o risco é muito importante na hora de tomar uma decisão. Biologicamente, o ser humano tem um viés otimista. Por causa disso, as pessoas acreditam que as chances de acontecer algo ruim com elas é menor do que a possibilidade de acontecer com os outros. Isso seria uma das explicações de porque os avisos em maços de cigarro sobre os malefícios do tabagismo não tem muito efeito sobre os fumantes.
Tente compreender suas reações ao risco e identifique quais os receios e as expectativas em relação à escolha. Após essa análise, pode ser que você conclua que sua reação tende a ser mais arriscada ou mais prudente.
Reflita sobre a Decisão.
Outro fator associado ao risco é a expectativa de ganho. Durante a tomada de decisão existe uma armadilha chamada efeito de ancoragem, que é a tendência de basear a decisão em uma informação inicial - como ocorre quando negociamos o preço de um produto.
Decisões por impulso costumam ter como base a emoção. Dê um tempo para que um raciocínio mais frio e analítico possa influenciar a escolha.
Arrisque Pequeno.
O histórico de experiências de sucesso ou fracasso também interfere. Temos essa tendência de basear a escolha em informações disponíveis, principalmente se a decisão envolve um interesse pessoal. Experiência, familiaridade com o assunto e histórico de tentativas bem ou mal sucedidas ajudam a construir confiança. Tomar pequenos riscos ajuda a criar segurança.
Tenha cuidado com o excesso de Confiança.
O excesso de confiança é outra armadilha, em que às vezes cometemos grandes erros. Ao se tornar mais poderosa, em cargos hierárquicos, a pessoa modifica suas fronteiras de risco e se expõe mais.
Na hora de fazer opções de carreira ou de tomar decisões cotidianas no trabalho, conhecer aspectos do risco pode ser a diferença entre um erro e um acerto. Mas ser ousado é apenas uma das maneiras de agir profissionalmente. Há uma pressão da sociedade para que a pessoa seja um macho alfa. Ter atitudes mais ousadas é uma forma de reforçar essa posição e a percepção que os outros tem de você.
Existe uma grande quantidade de empresas diferentes, com cargos e culturas diferentes, em que as pessoas que não são ousadas e quem é avesso ao risco tendem a se dar melhor.
Encontrar um lugar que seja adequado à atitude do profissional em relação ao risco é uma decisão importante a tomar.
Mais um de muitos caminhos...