Geralmente, muita gente torce o nariz quando ouve falar em etiqueta. É como se esse assunto só dissesse respeito a pessoas ricas e esnobes. Os especialistas explicam, porém, que essa visão é completamente equivocada. Requinte, boas maneiras e elegância vão muito além do modo como dispomos os talheres numa mesa de jantar ou da forma como manuseamos o garfo de peixe.
“Etiqueta é uma ‘ética’ do convívio cotidiano”, explica Angélica Santini, coordenadora do curso de publicidade e propaganda das Faculdades Integradas de Bauru (FIB). “As boas maneiras não têm nada de elitismo. Pelo contrário, são sinal de respeito para com o semelhante. É você não machucar, não ultrapassar limites e ser tolerante com o próximo”, afirma a educadora e consultora de etiqueta Glorinha Braga Ortolan.
Todos os povos têm suas regras de etiqueta. É possível encontrar referência às boas maneiras até na Bíblia. No capítulo 7 de seu Evangelho, o apóstolo Marcos narra que “os fariseus, apegando-se à tradição dos antigos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos”.
Em outra passagem das Escrituras, Lucas traz um episódio em que Jesus foi convidado para uma refeição na casa de um fariseu. Ao entrar na residência, o correto seria que o anfitrião oferecessse água para os pés de Jesus. Em seguida, deveria ter-lhe dado um beijo no rosto, em sinal de boas-vindas. Por fim, deveria ter ungido a cabeça do Messias com óleo perfumado.
O fariseu não seguiu nenhuma das regras de boa maneira, em vigor na época. Coube a “uma certa mulher, conhecida naquela cidade como pecadora”, dar o tratamento adequado a Jesus. “Ao saber que ele estava à mesa na casa do fariseu, trouxe um frasco de alabastro com perfume. Colocando-se por detrás dele e chorando, começou a banhar-lhe os pés com lágrimas; enxugava-os com os cabelos e beijava-os, ungindo-os com perfume”, narra Lucas.
Famoso por suas pinturas, o artista renascentista Leonardo Da Vinci exerceu inúmeras profissões, entre elas, as de “conselheiro para as edificações” e “mestre de festas e banquetes” na corte do duque Ludovico Sforza, de Milão. No final do século 15, ele escreveu um pequeno tratado sobre boas maneiras intitulado “Acerca do comportamento impróprio à mesa do meu amo”.
Entre as recomendações feitas por Leonardo estavam: não colocar os pés sobre a mesa; não tirar comida do prato do vizinho; não retirar comida da mesa, colocando-a na bolsa ou na bota para consumo ulterior; não soltar pássaros em cima da mesa e nem fazer o mesmo com cobras ou escaravelhos.
Já nessa época, começaram a surgir na Inglaterra os primeiros manuais de boas maneiras. O termo etiqueta surgiu na França, no século 17. Durante seu reinado, Luís XIV tinha o hábito de confeccionar bilhetinhos (denominados “étiquettes”) para instruir seus convidados sobre como se comportar nas festas da corte.
Com o passar do tempo, a etiqueta ultrapassou os limites das grandes ocasiões sociais e passou a ser aplicada em todos os aspectos da vida cotidiana. Existem regras de bom comportamento no trabalho, em casa, na rua, ao telefone, no restaurante e até na Internet – ou “netiqueta”, como costumam brincar os especialistas da área (leia mais no quadro ao lado).
“Etiqueta é saber falar quando se pode falar; ouvir quando é momento de ouvir; saber se relacionar no trânsito, no trabalho e nas ruas; saber como se colocar à mesa”, diz Angélica Santini. “O que uma pessoa que não tem etiqueta pode esperar alcançar no trabalho?”, questiona ela.
“Gentileza gera gentileza”, lembra Glorinha. E comportamentos inconvenientes? – alguém poderia perguntar. “Isso abala a vida do indivíduo, pois ela acaba se tornando uma pessoa indesejável”, acredita Angélica. Para Glorinha, os segredos da etiqueta estão na simplicidade e no respeito ao próximo.
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Durante meu primeiro ano da faculdade, nosso professor nos deu um teste para ser preenchido e que valeria nota.
Eu era bom aluno e respondi rápido todas as questões até chegar a última:
"Qual o primeiro nome da mulher que faz a limpeza da escola?"
Sinceramente, isso parecia uma piada. Eu já tinha visto a tal mulher várias vezes. Ela era alta, cabelo escuro, lá pelos seus 40 anos, mas como eu ia saber o primeiro nome dela?
Eu entreguei meu teste deixando essa questão em branco e, um pouco antes da aula terminar, um aluno perguntou se a última pergunta do teste iria valer na nota.
"É claro!" - respondeu o professor.
"Na sua carreira, você encontrará muitas pessoas. Todas têm seu grau de importância. Elas merecem sua atenção mesmo que seja com um simples sorriso ou um simples "alô".
Eu nunca mais esqueci essa lição e também acabei aprendendo o primeiro nome dela: Lourdes.
Respeito, dignidade e atenção devem fazer parte da vida de todo e qualquer indivíduo, independente de raça, credo, trabalho ou posição social.
Se você quer ser respeitado(a), respeite o próximo e mostre sua educação, seu caráter e nobreza de atos, dando atenção aos mais humildes e menos favorecidos que você.