"Quando os mais velhos são chefiados por jovens,
nem sempre a troca intergeracional é benéfica"
nem sempre a troca intergeracional é benéfica"
Há alguns anos, a imagem do chefe era a de um senhor, com mais idade e experiência, que liderava jovens com vontade de aprender. Hoje, devido às novas tecnologias e a outras mudanças no mercado de trabalho, essa realidade se modificou e não é raro os mais velhos serem chefiados por pessoas mais novas. Para alguns, a troca é benéfica e enriquecedora. Para outros, motivo de conflitos. Especialistas dizem que causa dos problemas pode estar relacionada com outros fatores que vão além da diferença de idade.
A tendência de os mais jovens ocuparem cargos de chefia teve início nos anos 70, com as empresas de tecnologia. Como a galera dos "vinte e poucos anos" já estava familiarizada com as novas ferramentas, teve uma rápida ascendência dentro das corporações.
Percebo nos jovens pouca autonomia para lidar com o poder e com um certo despreparo técnico. Alguns ficam rígidos e inseguros no comando. Hoje, diversos cursos de Master Business Administration (MBA) têm observado essas distorções e ensinado aos jovens executivos uma visão gerencial mais refinada. As pessoas mais velhas, por sua vez, geralmente são mais conservadoras e sentem mais dificuldade em lidar com as mudanças, com as transformações.
Essas diferenças, acredita a consultora, podem trazer uma renovação dentro das empresas, pois quebram-se paradigmas estabelecidos há tempos e certas acomodações. Mas nem todos os funcionários vêem a diversidade como algo benéfico, e acabam criando sérios conflitos dentro das corporações. É o jovem executivo que chega com arrogância, é o funcionário antigo que não aceita as ordens de um "pirralho".
As razões para esses problemas podem ir além da questão jovens X idosos. Mais forte do que a diferença de idade, observa ela, impera o jogo político. O funcionário que passa a ter status na empresa muitas vezes tenta sabotar o profissional recém admitido, escondendo informações e duvidando do potencial daquele que chega.
Acredito que outros fatores podem falar mais alto do que a idade. Os conflitos podem estar relacionados com a insegurança que tanto o jovem quanto o idoso venham a sentir. Por isso, vêem nos anos uma barreira, uma dificuldade. É uma questão que está mais relacionada à disposição para aprender coisas novas e a lidar com as mudanças, do que propriamente com a idade. Há pessoas com 60 anos com predisposição para aprender e mudar. Assim como existem muitos jovens com espírito mais conservador.
As empresas prezam mais a colaboração, a inteligência emocional do funcionário que sabe lidar com grupos e gerenciar conflitos. Prego que essa intergeracionalidade dentro das empresas deve ser um exercício de colaboração, em vez de competição. É preciso perceber a força que se obtém ao aliar a experiência de alguém mais velho com a fome de aprender do jovem. A produção coletiva é valorizada. Logo, quanto mais diversidade houver, melhores resultados serão obtidos e restará menos espaço para esse tipo de desentendimento.
Para pôr fim aos conflitos e alcançar a união de forças, ambas as partes precisam repensar suas atitudes. Lembro que, muitas vezes, o jovem chega à empresa com muita agressividade. Já os "cinqüentões" acabam desenvolvendo, em certos momentos, atitudes paternalistas e tratam o mais novo como um filho. Falta diplomacia. Deve haver respeito à desigualdade. E tolerância, acima de tudo.