Você, com certeza, já deve ter lidado com alguma situação desconfortável no ambiente de trabalho. Saiba que, para seu alívio, a maioria dos profissionais também. Se você é chefe de alguma equipe, muitas vezes deve ter se irritado com falta de comprometimento e resultados de algum integrante: provavelmente se estressou e ficou tenso ao chamar a atenção do colaborador em questão, e estragou o humor nesse dia. Já se você é subordinado, deve ter passado por constrangimentos ou aborrecimentos corporativos que envolvem competição acirrada, inveja dos colegas, falta de reconhecimento, chamadas de atenção que considerou injustas, fofocas, intrigas, enfim – a lista é extensa.
Nessas horas de dificuldade, lembra-se de como agiu para sair ou contornar a situação?
Nessas horas de dificuldade, lembra-se de como agiu para sair ou contornar a situação?
Pois é, algumas pessoas lidam com facilidade com a ocasião, outras se retraem e não conseguem se expressar direito – é onde surge o ruído da comunicação. Outras, ainda, explodem de alguma forma, perdendo a paciência, a razão e até chorando copiosamente como forma de desabafar.
Felizmente uma das soluções para esse problema é simples, já existe e está ao alcance de todos os degraus hierárquicos. Estudiosos do comportamento humano descobriram que as técnicas teatrais podem ajudar muito a lidar com isso.
A coach, consultora, atriz e psicodramista Reginah Araújo é uma delas. Autora do livro "A arte de pagar micos e king kongs - Viver sem culpa (Ed. Qualitymark)", ela afirma que as empresas buscam profissionais que saibam desempenhar seus papéis de forma adequada, utilizando máscaras para cada ocasião.
"O teatro ajuda a utilizar máscaras diferentes, dependendo da situação, e sem ser hipócrita. Usar máscaras não é perder a personalidade, é ser adaptável, flexível. Saber ter postura na empresa, por exemplo, mas não usar a mesma rigidez, necessária na empresa, em casa. Eu, por exemplo, sou uma Regina como consultora e coaching e outra Regina como mãe, outra como professora e outra ainda como esposa. Nem dá para ser igual, porque cada situação pede uma postura diferente. Se for igual, ninguém vai aguentar", explica.
O teatro, difere do psicodrama, embora ambos se complementem. No teatro são utilizadas cenas, falas, a interpretação em si, como forma de trabalhar melhor a timidez e o medo de falar em público das pessoas. Já o psicodrama realiza a troca de papéis, quando uma pessoa 'veste' o cargo e as responsabilidades da outra – no caso das empresas – e, então, descobre o porquê o outro se comporta daquele jeito.
"Quando aplica o teatro com psicodrama, as pessoas vestem o papel delas mesmas, e pergunto se é isso que querem para vida delas. Elas também podem vestir o papel do outro, para entender o que ele passa e parar de julgá-lo. O psicodrama deixa as pessoas nuas, coloca a verdade à tona quando todos querem escondê-la".
O teatro tem essa capacidade de direcionar a pessoa a agir como ela gostaria. Afinal, terminada a peça, ninguém vai julgá-la, pois sabe que se trata apenas de uma interpretação, de um papel. Mas é neste papel, que as pessoas que escondem o que pensam, tem a chance de 'desabafar', por isso tanta eficiência quando aplicada ao ambiente corporativo (inclusive para repensar se a tarefa a que ela se propõe é realmente o que gosta - seu objetivo de vida - ou se foi empurrada pelas circunstâncias ao longo do tempo e esqueceu-se de se questionar).
Autoconhecer-se e avaliar a continuidade ou não dos objetivos iniciais de vida é uma forma de evitar esse confronto do 'eu'. Ton Neumann, pós-graduado em Educação Comportamental e psicodrama, ministra palestras e showlestras (show, porque a palestra acontece simultaneamente à apresentação de uma banda) em empresas e vivencia os resultados desse trabalho.
"As técnicas dramáticas podem ajudar qualquer profissional, de qualquer área, auxiliando em duas questões fundamentais: a conhecer-se e conhecer gente, de uma forma geral. A conhecer a essência das pessoas. A entrar em contato com emoções próprias e emoções que reconhece, mas nem sempre compreende ou identifica razões, de outras pessoas do seu convívio. A vivência do teatro melhora muito a capacidade de relacionamento interpessoal. Percebo isso pelo feedback que obtenho, pela crescente solicitação do meu trabalho nas empresas e pelo olho no olho das pessoas".
Infelizmente são poucas as empresas que aplicam o teatro no ambiente de trabalho como ferramenta de motivação e conhecimento de competências. Um dos cases de sucesso dessa iniciativa acontece no Hospital Dr. Luiz Camargo da Fonseca e Silva, em Cubatão, litoral paulista. A iniciativa começou em julho de 2004 na brinquedoteca do hospital, semelhante ao trabalho de grupos que ajudam os pacientes na recuperação (teatro para o público externo). Hoje, cinco anos depois, eles utilizam o teatro para se ajudarem dentro da empresa também (teatro interno).
"O ambiente hospitalar já possui natureza dramática, por isso, encontramos no teatro dos funcionários uma forma de um ajudar o outro e a equipe se fortalecer", esclarece a diretora das peças, e auxiliar administrativa do hospital, Eliana Tavares Guimarães.
O grupo é formado por mais de 80 colaboradores e a única dificuldade em realizar as aulas são os horários. "A grande dificuldade é de conciliar os horários dos setores, porque as reuniões são fora do horário de trabalho", pontua.
Outra iniciativa interessante, mas que não é novidade, pois existe desde 1998, é o teatro para executivos – CEOs, diretores, gerentes entre outros. O Espaço de Integração Teatral, o EIT, em São Paulo, ajuda estes líderes a ganharem autocontrole, relaxarem e repensarem os caminhos para alcançar os objetivos na carreira profissional.
Leonardo Calixto, executivo e coach e sócio fundador da EIT, diz que a procura é muito grande. "Aplicamos o ROE, que é o retorno sobre as expectativas, e obtivemos que 85% dos participantes avaliam a experiência de forma positiva. Eles fazem a comparação sobre como eram e lidavam com as situações antes, e como estão e lidam com as situações depois do curso", enfatiza.
Entre os conhecimentos práticos adquiridos no EIT estão a respiração correta, relaxamento, dicção e projeção de voz e, o mais importante, as dinâmicas e exercícios de interpretação. "A idéia é fazê-los repensar o caminho que usam para alcançar os objetivos, e não o objetivo em si. Fazer com que se motivem com a situação atual, comparando-a às ocasiões anteriores. O contrário gera frustração", explica, enfatizando que as turmas de executivos são pequenas (no máximo 15), por motivo de privacidade e discrição, e as aulas duram três horas, em média. "Executivos de empresas grandes, como Wal-Mart, Petrobrás, Natura, GE, entre outras. Já perceberam que o teatro auxilia na tomada de decisões no dia-a-dia das empresas", afirma Leonardo.
Felizmente uma das soluções para esse problema é simples, já existe e está ao alcance de todos os degraus hierárquicos. Estudiosos do comportamento humano descobriram que as técnicas teatrais podem ajudar muito a lidar com isso.
A coach, consultora, atriz e psicodramista Reginah Araújo é uma delas. Autora do livro "A arte de pagar micos e king kongs - Viver sem culpa (Ed. Qualitymark)", ela afirma que as empresas buscam profissionais que saibam desempenhar seus papéis de forma adequada, utilizando máscaras para cada ocasião.
"O teatro ajuda a utilizar máscaras diferentes, dependendo da situação, e sem ser hipócrita. Usar máscaras não é perder a personalidade, é ser adaptável, flexível. Saber ter postura na empresa, por exemplo, mas não usar a mesma rigidez, necessária na empresa, em casa. Eu, por exemplo, sou uma Regina como consultora e coaching e outra Regina como mãe, outra como professora e outra ainda como esposa. Nem dá para ser igual, porque cada situação pede uma postura diferente. Se for igual, ninguém vai aguentar", explica.
O teatro, difere do psicodrama, embora ambos se complementem. No teatro são utilizadas cenas, falas, a interpretação em si, como forma de trabalhar melhor a timidez e o medo de falar em público das pessoas. Já o psicodrama realiza a troca de papéis, quando uma pessoa 'veste' o cargo e as responsabilidades da outra – no caso das empresas – e, então, descobre o porquê o outro se comporta daquele jeito.
"Quando aplica o teatro com psicodrama, as pessoas vestem o papel delas mesmas, e pergunto se é isso que querem para vida delas. Elas também podem vestir o papel do outro, para entender o que ele passa e parar de julgá-lo. O psicodrama deixa as pessoas nuas, coloca a verdade à tona quando todos querem escondê-la".
O teatro tem essa capacidade de direcionar a pessoa a agir como ela gostaria. Afinal, terminada a peça, ninguém vai julgá-la, pois sabe que se trata apenas de uma interpretação, de um papel. Mas é neste papel, que as pessoas que escondem o que pensam, tem a chance de 'desabafar', por isso tanta eficiência quando aplicada ao ambiente corporativo (inclusive para repensar se a tarefa a que ela se propõe é realmente o que gosta - seu objetivo de vida - ou se foi empurrada pelas circunstâncias ao longo do tempo e esqueceu-se de se questionar).
Autoconhecer-se e avaliar a continuidade ou não dos objetivos iniciais de vida é uma forma de evitar esse confronto do 'eu'. Ton Neumann, pós-graduado em Educação Comportamental e psicodrama, ministra palestras e showlestras (show, porque a palestra acontece simultaneamente à apresentação de uma banda) em empresas e vivencia os resultados desse trabalho.
"As técnicas dramáticas podem ajudar qualquer profissional, de qualquer área, auxiliando em duas questões fundamentais: a conhecer-se e conhecer gente, de uma forma geral. A conhecer a essência das pessoas. A entrar em contato com emoções próprias e emoções que reconhece, mas nem sempre compreende ou identifica razões, de outras pessoas do seu convívio. A vivência do teatro melhora muito a capacidade de relacionamento interpessoal. Percebo isso pelo feedback que obtenho, pela crescente solicitação do meu trabalho nas empresas e pelo olho no olho das pessoas".
Infelizmente são poucas as empresas que aplicam o teatro no ambiente de trabalho como ferramenta de motivação e conhecimento de competências. Um dos cases de sucesso dessa iniciativa acontece no Hospital Dr. Luiz Camargo da Fonseca e Silva, em Cubatão, litoral paulista. A iniciativa começou em julho de 2004 na brinquedoteca do hospital, semelhante ao trabalho de grupos que ajudam os pacientes na recuperação (teatro para o público externo). Hoje, cinco anos depois, eles utilizam o teatro para se ajudarem dentro da empresa também (teatro interno).
"O ambiente hospitalar já possui natureza dramática, por isso, encontramos no teatro dos funcionários uma forma de um ajudar o outro e a equipe se fortalecer", esclarece a diretora das peças, e auxiliar administrativa do hospital, Eliana Tavares Guimarães.
O grupo é formado por mais de 80 colaboradores e a única dificuldade em realizar as aulas são os horários. "A grande dificuldade é de conciliar os horários dos setores, porque as reuniões são fora do horário de trabalho", pontua.
Outra iniciativa interessante, mas que não é novidade, pois existe desde 1998, é o teatro para executivos – CEOs, diretores, gerentes entre outros. O Espaço de Integração Teatral, o EIT, em São Paulo, ajuda estes líderes a ganharem autocontrole, relaxarem e repensarem os caminhos para alcançar os objetivos na carreira profissional.
Leonardo Calixto, executivo e coach e sócio fundador da EIT, diz que a procura é muito grande. "Aplicamos o ROE, que é o retorno sobre as expectativas, e obtivemos que 85% dos participantes avaliam a experiência de forma positiva. Eles fazem a comparação sobre como eram e lidavam com as situações antes, e como estão e lidam com as situações depois do curso", enfatiza.
Entre os conhecimentos práticos adquiridos no EIT estão a respiração correta, relaxamento, dicção e projeção de voz e, o mais importante, as dinâmicas e exercícios de interpretação. "A idéia é fazê-los repensar o caminho que usam para alcançar os objetivos, e não o objetivo em si. Fazer com que se motivem com a situação atual, comparando-a às ocasiões anteriores. O contrário gera frustração", explica, enfatizando que as turmas de executivos são pequenas (no máximo 15), por motivo de privacidade e discrição, e as aulas duram três horas, em média. "Executivos de empresas grandes, como Wal-Mart, Petrobrás, Natura, GE, entre outras. Já perceberam que o teatro auxilia na tomada de decisões no dia-a-dia das empresas", afirma Leonardo.