segunda-feira, 21 de abril de 2014

Momento de Reflexão





“Morre lentamente quem vira escravo do hábito, 
repetindo todos os dias o mesmo trajeto 
e as mesmas compras no supermercado. 
Quem não troca de marca, 
não arrisca vestir uma cor nova, 
não dá papo para quem não conhece. 

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru. 

Morre lentamente quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, 
quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos. 

Morre lentamente quem não viaja, 
quem não lê, 
quem não ouve música, 
quem não acha graça de si mesmo. 

Morre lentamente quem destrói seu amor próprio. 

Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda. 

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte 
ou da chuva incessante, 
desistindo de um projeto antes de inicia-lo, 
não perguntando sobre um assunto que desconhece 
e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. 

Morre muita gente lentamente, 
e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira... 
Já que não podemos evitar um final repentino, 
que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, 
lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior 
do que simplesmente respirar...”
 
Pablo Neruda