Estávamos nós no Ócio... Quando?
Em Gênesis, quando cometemos nosso suposto primeiro erro de percurso (pecado vem do grego e significa pé torto, portanto, percurso tortuoso).
"O homem sente inveja do Criador e quer se igualar a Ele (Teomania) buscando o fruto da árvore do Conhecimento. Adão comeu o fruto e tornou-se escravo do Conhecimento. Optou pelas conseqüências do exercício do seu livre arbítrio, ficou dependente da sua assertividade e foi deportado do paraíso para o mundo “corporativo”, onde teria que ganhar o pão com o suor do seu rosto."
Em Gênesis, quando cometemos nosso suposto primeiro erro de percurso (pecado vem do grego e significa pé torto, portanto, percurso tortuoso).
"O homem sente inveja do Criador e quer se igualar a Ele (Teomania) buscando o fruto da árvore do Conhecimento. Adão comeu o fruto e tornou-se escravo do Conhecimento. Optou pelas conseqüências do exercício do seu livre arbítrio, ficou dependente da sua assertividade e foi deportado do paraíso para o mundo “corporativo”, onde teria que ganhar o pão com o suor do seu rosto."
Alguma semelhança?
Na sociedade pós-industrial e, mais ainda, na Era do Conhecimento e do Capital Intelectual, nós não vendemos mais nossa força de trabalho, mas sim nossa capacidade de agregar valor por meio do conhecimento. Ao invés de alugarmos nosso tempo físico, nós alugamos nossa capacidade mental instalada, nosso cérebro e suas habilidades!
A tecnologia (que supostamente diminuiria a quantidade de trabalho) tornou-se uma das grandes vilãs do mundo workaholic. Hoje a jornada de trabalho não se encerra quando deixamos o ambiente físico do trabalho, pois nos acompanha na esfera virtual através do notebook, do celular, da internet e principalmente do nosso cérebro já doutrinado pela alta pressão e competitividade. Trabalhamos dormindo. Eu não me espantaria se uma pesquisa realizada hoje apontasse, juntamente com a falta de romantismo, esta compulsão pelo trabalho como uma das causas dos fracassos sexuais, afetivos e relacionais da sociedade moderna.
Para ajudar a globalização tirou a ilusão de segurança que cada negócio tinha dentro do seu privilegiado “mercado protegido” e acabou com a especialização da competição, hoje competem todos contra todos.
Na esfera da nossa vida psíquica estamos, inclusive, competindo conosco mesmo. Estamos “esquizofrenizando” por total falta de qualidade de vida. As desordens psíquicas são hoje o segundo grupo de patologias que geram afastamentos, perdendo somente para as osteomusculares (Dort).
Sessenta e cinco por cento dos afastamentos são ocasionados por depressão (e esta, por falta de perspectivas e de resiliência), seguida de perto pelos transtornos neuróticos ocasionados pelo estresse e na seqüência pelos casos de esquizofrenia e dependência química (álcool e drogas).
Este é o preço de um mundo workaholic!
É claro que de posse destes números, as empresas já perceberam que qualidade de vida não é custo, é investimento, e que RH não é operacional, é ESTRATÉGICO e FUNDAMENTAL!
Será que perceberam mesmo?
Então o que é necessário para termos mais qualidade de vida, e até algum ócio supostamente criativo?
Duas coisas:
1) Transformar discurso em prática.
2) Abandonar o conceito de mais valia, agora adaptado para a Era do Conhecimento.
Em suma, nós precisamos agir mais do que discursar sobre a qualidade de vida. Quando digo nós, me refiro a contratantes e contratados porque as dificuldades estão dos dois lados. Tanto temos contratantes retóricos e pouco atuantes em políticas verdadeiras (não paliativas) de qualidade de vida, quanto temos contratados que são privilegiados por empresas com programas de qualidade de vida seriamente implantados e gerenciados e simplesmente NÃO PARTICIPAM!
Privilegiam a ilusão workaholic de que ter é melhor que ser e não percebem que, na ausência do Ser, o ter não pode ser usufruído. Ter ou ser, eis a questão!
Nós profissionais do conhecimento precisamos conscientemente (enquanto o exército de mente de obra de reserva é relativamente pequeno) garantir as bases para o restabelecimento da nossa saúde física, mental e espiritual. Com base no poder relativo que possuímos hoje na qualidade de talentos que as empresas precisam e devem reter precisamos criar as bases para que não sejamos amanhã os proletários do conhecimento.
Afinal capital não tem pátria e nem tão pouco sentimento e, no mundo dos negócios, muito mais do que os autores humanistas, são lidos os livros dos discípulos de Machiavel para quem os fins justificam os meios.
Não é de se estranhar que a idéia da Ontopsicologia cresça sorrateira e perigosamente pelo jardim do Éden...